domingo, 27 de dezembro de 2015

O Mundo Fenomenal em Gestalt.


Fenômenos são tudo aquilo que aparece, ou seja, a totalidade do que há na luz do dia ou que pode ser trazido á luz. Fenômeno é igual a aparência.
Nesse sentido, pode-se pensar que fenômeno é o seguinte: o-que-se-mostra-em-si-mesmo.
Assim entende-se por Fenomenologia uma concepção metodológica, que não caracteriza o porquê, mas o como dos objetos.
O objetivo da exploração fenomenológica da gestalt é a awareness. Um fenomenólogo estuda a awareness pessoal e também a awareness do próprio processo passado.
Nas experiências anteriores temos a auto regulação, que é organísmica confia nosso bem estar ao cuidado de um ser interno que se esforça inerentemente por ser saudável.
Temos uma hierarquia de necessidades, que continuamente se desenvolvem, e organizam as figuras de experiência e depois desaparecem.
No futuro, temos as expectativas, aceitação da realidade possível, que é a realidade que ela pode contatar. A auto regulação organísmica inclui três fenômenos: percepção, aceitação do que existe e consciência da necessidade dominante. Então o presente é a única realidade possível
Quanto a awareness, podemos dizer que é uma forma de atenção sobre a forma, uma reflexão da forma em si mesma. Possuímos  uma hierarquia de necessidades que continuamente se desenvolvem e organizam, ou seja,  não é estática, é um processo de orientação que se renove a cada instante.
Entrar em contato com o mundo é o reconhecimento do ambiente, é um processo de estar em vigilante contato com os eventos mais importantes do campo indivíduo- ambiente.
É experenciar o contato com a própria existência. Aceitação da realidade possível, realidade que ela pode contatar.
A awareness é eficaz apenas quando fundamentada e energizada pela necessidade atual dominante do organismo. Sem energia, entusiasmo e emocionalismo do organismo, sendo investido na figura emergente, a figura não tem significado, poder ou impacto.
Expandir-se é estar consciente do que se passa dentro e fora de si no momento presente, em nível mental, corporal e emocional.
Representa o autoconhecimento. A pessoa consciente sabe que tem alternativas e escolhe a melhor para o momento.
Aceita a realidade possível, realidade que ela pode contatar.



SITE DO GESTALT-CENTRO DO RIO GRANDE DO SUL

O despertar para auto percepção, auto estima e transformação pessoal.

A compreensão que temos de nós mesmos, a nossa autoimagem, depende, em grande parte, da maneira como os outros reagem em relação a nós. Como resposta à reação demonstrada pelos outros, nós modificamos constantemente a nossa autoimagem.
Contudo, ao invés de responder às pessoas o que nós pensamos que somos, os outros frequentemente respondem à pessoa, o que eles pensam que somos – à percepção e imagem que eles têm de nós, à pessoa que eles conseguem ver. No entanto, esse pensamento não deveria ser real, pois partindo do principio de que a auto percepção é a consciência que o sujeito deveria ter de si mesmo, é o somatório de todas as impressões internas e externas do sujeito.
A pessoa que desenvolve a verdadeira percepção, compreende o conjunto de sensações, como sentimentos, emoções, pensamentos. Ela passa a identificar as realidades por trás das diversas impressões que temos desta realidade e nos permite libertar nossa consciência, permitindo o afloramento da lucidez advinda da consciência profunda. A auto percepção se dá quando conseguimos mergulhar dentro de nós e nos perceber como sujeito único.
Para conseguir uma comunicação plena com a intimidade e com os outros, é necessário a auto percepção e a compreensão de si mesmo.
A compreensão é, por sua vez, uma atitude tolerante e a leitura do conjunto de qualidades que integram uma ideia para que possamos separar o real do imaginário. Essa compreensão também diz respeito à disposição para entender as nossas atitudes e sentimentos, assim como as atitudes e os sentimentos do outro. 
          Em psicologia, autoestima inclui a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau. Muito se fala sobre autoestima, mas poucas pessoas entendem o seu verdadeiro significado. Cuidar de sua autoestima vai muito além de visitar o cabeleireiro ou comprar aquela roupa nova. Aliás, estas nem são condições necessárias para o cultivo da mesma. Conhecemos, em tese, a definição básica de autoestima: é a estima que se tem por si mesmo, ou seja, o quanto a pessoa se valoriza. O quanto se  quer bem e se aceita.
Por outro lado podemos dizer que a autoestima é um ato de amor e de confiança consigo mesmo, ou seja, o "amor próprio" e a "autoconfiança", então se faltar um destes ingredientes, não teremos uma autoestima verdadeira.
É certo que se ame a si mesmo, mas é fundamental que se tenha confiança em seus atos ou pensamentos, em seus projetos ou na sua capacidade de conquista, porque sem o amor próprio é impossível sentir momentos de felicidade.
Infelizmente, trazemos dificuldade em cultivar estes dois ingredientes da autoestima, o amor próprio e a autoconfiança, por eventos que se manifestaram desde a nossa criação. Quantas vezes, por medo do egoísmo, deixamos de lado nossa própria vontade, para fazer tudo o que o outro queria. Só que autoestima não tem nada a ver com o egoísmo. O egoísta é um ser vazio e solitário que precisa cada vez mais de coisas e pessoas que o preencham. Gente com boa autoestima, apenas reconhece que, como qualquer ser humano, tem o direito de valorizar e satisfazer suas vontades também.
Durante nossa socialização, aprendemos a cultivar uma "personalidade ideal" e, tivemos que engolir nossos sentimentos. Em nome de Deus, da moral ou da boa educação, o importante era "fazer a coisa certa", mesmo que aquilo estivesse contrariando nossa natureza.
Pensamos agora na ideia do "corpo ideal". O ideal é apenas um sonho, uma projeção. Com isto, vivenciamos um estado profundo de angústia, pois comparamos nosso corpo com "modelos" e percebemos o quão diferente somos daqueles seres perfeitos e maravilhosos que deveríamos ter sido.
Na nossa cultura, na mídia e até mesmo nossos familiares contribuíram fortemente para gerar este quadro: "Está na moda quem usa tal roupa"; "Sem estudo você não é nada"; "Você será aceito somente se fizer isto e não aquilo...". na maioria das vezes, isto aconteceu por ignorância, se essas pessoas tivessem acesso a determinadas informações, certamente as atitudes de nossos educadores seriam diferentes.
Quando a pessoa passa a se perceber e ter uma maior compreensão de si, o resgate da autoestima acontece, por que  ela decide que só precisa ser quem ela é. Você pode confrontar as opiniões, e não ficar preso a um único ponto de vista. Descobre que, se no passado era importante ouvir e respeitar as ordens dos adultos, hoje você pode ser dono (ou dona) de seu próprio destino. Passa a respeitar mais suas próprias ideias, porque, automaticamente, está se ouvindo mais. Não viemos ao mundo para corresponder às expectativas dos outros, por mais que se ame.
O maior desafio humano é lidar com suas emoções e na maioria das vezes é necessário agir de forma incisiva para que algo seja efetivado.
Quando essa atuação passa a ficar complicada, o indivíduo começa a pensar na necessidade de transformação pessoal, na necessidade em querer ser alguém melhor.
Não é necessário que o ser humano chegue ao fundo do poço não havendo mais saída, basta que ele deseje uma melhor maneira de viver, para que o desejo de transformação aconteça. Essa transformação também não tem período de duração ou tempo determinado para acontecer. Ela se dá a qualquer momento.
Desejar ser uma pessoa melhor para si e para o meio em que vive, é uma decisão que traz em parte grande responsabilidade, que a pessoa deve assumir com sua história de vida e com sua essência.
Na verdade é um compromisso real, fiel consigo mesmo em buscar das informações necessárias para sua evolução pessoal.
E a partir do instante em que se tem essa firme decisão que as portas se abrem e as ferramentas necessárias para seu desenvolvimento surgem á sua frente. A mente se abre! E conforme dizia o gênio Albert Einstein, a mente que se abre ao novo nunca mais volta ao seu tamanho original. E isso já garante boa parte nesta transformação.
Por isso a importância de se comprometer, assumir a própria história e encarar a vida de frente assumindo todos os riscos.
Tomando posse de si mesmo... Permitindo que seu melhor apareça... Passando a contagiar outras pessoas com sua mente saudável por onde passar!!!
"O ser humano vivência a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior."Albert Einstein

           Neste sentido a transformação pessoal pode ser desenvolvida passando a ser como uma característica permanente de personalidade, podendo, ser específica de uma dimensão particular, "Acredito que sou um bom escritor e estou muito orgulhoso disso" ou de extensão global, "Acredito que sou uma boa pessoa, e sinto-me orgulhoso quanto a mim no geral".
           O que uma pessoa com a consciência desperta sente em relação a si mesma está presente em todas as suas ações; gestos, posturas e atitudes, revelam as diversas facetas da autoestima.
          A pessoa estando consciente dessa transformação procurando se perceber melhor, desenvolverá uma autoimagem mais coerente com sua realidade evolutiva, do contrário a interpretação fantasiosa da realidade, baseada em crenças e emoções autos significantes, e não na análise racional dos fatos, leva à distorção da autoimagem.
“Mudar de mundo é mudar de olhar, transformarmo-nos é o melhor que podemos fazer para contribuirmos com a mudança do mundo.” Não há outro caminho para se viver que não passe por si mesmo, pela experiencia magnifica de Ser que se torna consciente e floresce na direção da própria plenitude. Essa busca do “DeSiPleno”, da disciplina da vida. (Magalhães, 112).
        

Buscando nova forma de pensar.

A vida é uma graça divina que não pode ser enquadrada em uma definição, ou resumida em uma lista de condições. As graças que recebemos todos os dias estão em nosso redor. E apesar das graças já estarem disponíveis, é preciso ter mérito para reconhecê-las. Esse mérito é o exercício de expansão de consciência de mundo que fazemos para ver e perceber as graças que já nos foram dadas. Quem não desenvolve méritos não consegue enxergar as graças que a vida oferece, e só enxerga a DES-GRAÇA.
Esse pensamento acima é de uma autora chamada Dulce Magalhães, ela diz que graça é estar vivo ter uma nova chance de se realizar todos os dias. Estamos em tempos de aprender que a vida é uma dádiva e também uma responsabilidade.  Assim ela diz que o exercício maior da vida não é o sucesso profissional, a realização financeira, constituir família feliz ou um patrimônio sólido. O maior exercício que podemos desenvolver é o da nossa consciência.
A autora sugere que abramos os olhos da percepção, porque tudo já esta dado e disponível, mas se não formos capazes de enxergar, como poderemos usufruir de tanta graça?
Podemos considerar que já demos um pequeno passo – nascemos. No entanto é preciso fazer o parto da consciência, dar a luz a uma nova forma de ver e viver, pois não há cegueira maior do que aquela que nos impomos pelo bloqueio da percepção.

“Há um tempo para tudo na vida, para nascer, crescer, escolher e para fazer”. A proposta agora diz respeito ao tempo de despertar, abrir os olhos e verdadeiramente, enxergar-se, perceber-se o que cabe a cada um realizar, refazer, abrir mão, conquistar. É tempo de ser, e só podemos Ser experimentando a vida e desenvolvendo a própria consciência. (Guimarãens, 107)

EXPERIMENTOS EM GESTALT TERAPIA

 Gestalt-Terapia é uma abordagem fenomenológico-existencial, ou seja, uma psicoterapia que busca trazer a consciência para o aqui-e-agora, na observação de como o fenômeno se apresenta, buscando o “como” e não o “por que”. O psicoterapeuta faz uso de alguns experimentos em que o cliente experiencia uma situação em que ele é sujeito e objeto de investigação. Faz-se necessário afirmar que esses experimentos não são simples técnicas, e quando aplicadas devem ser realizadas com critério, pois não deve ser em qualquer situação ou cliente.
Neste sentido o psicoterapeuta auxilia o cliente a sair da polarização, da racionalização que impede a excitação para a ação, possibilitando a abertura para o desenvolvimento do auto-suporte com espontaneidade. O cliente que passa pelo experimento começa a agir mais do que apenas ficar falando sobre as situações inacabadas, pois compreende uma situação inacabada com mais riqueza.
O trabalho no consultório se torna um ato de investigação, onde o cliente sem medo de criticas ou rejeição, de estar certo ou errado, pode se lançar no processo de aprender a reintegrar partes dissociadas, sensibilizar-se novamente, testar novos e criativos ajustamentos, ser responsivo ao seu aqui e agora, lidar com evitações, aprender experiencialmente sobre si mesmo e viver a terapia como a vida, num processo contínuo de conscientização. (D’acri, G. Lima, P. Orgler, S., 2007, p. 102).
Tais experimentos possuem o objetivo de aumentar as alternativas de comportamentos do cliente e da percepção sobre si mesmo; criar condições nas quais ele pode ver sua vida como sua criação pessoal (se responsabilizando por sua terapia), estimular e propiciar a aprendizagem a partir da sua própria criação, completar situações inacabadas e superar bloqueios dentro do ciclo de formação e destruição de gestalten, integrar as compreensões intelectuais com as expressões motoras; descobrir polaridades das quais não se tem consciência; e o fortalecimento do auto-suporte.
Desse modo faz-se necessário que se siga algumas etapas, como por exemplo, a identificação e preparação do “terreno”: conhecer as expectativas do cliente, criar um momento “seguro” para a possível experimentação.
Propiciar um consenso, uma negociação entre psicoterapeuta e cliente para que o cliente decida se tem disponibilidade para participar do experimento, deixando claro que ele não está sozinho neste processo, que o psicoterapeuta está a sua disposição, numa atitude de suporte e respeito.
O terapeuta gradua o experimento tendo como referencial as possibilidades de ação do cliente, a  gradação é a experiência vivenciada pelo cliente de acordo com as suas possibilidades, sendo que estas poderão ser ampliadas.
Awareness: é a consciência do cliente, junto com as observações que o psicoterapeuta formula, desenvolvem a ação para a construção de um experimento. (conscientização).
 O psicoterapeuta deve estar sempre presente e perceber onde a “energia” do cliente está disponível, por onde se pode começar o experimento.
 “Foco” do experimento sempre deve ser na forma, como o cliente se interrompe e se desenvolve.
“Tema” é a figura que se revela de um conteúdo onde terapeuta/cliente vão nomear e unificar, se entrelaçam uns com os outros e criam uma tela rica de experiências em uma situação existencial dada.
Construção de auto-suporte: tem com objetivo sair do self-suporte e desenvolver o auto-suporte.
A “escolha de um experimento” abrange várias possibilidades que partem da relação psicoterapeuta/cliente.
 Insight e Fechamento: São atualizações e ressignificações de gestalten inacabadas, ou seja uma retrospectiva de todo o trabalho realizado e o que foi aprendido e transformado na vida do cliente.
Para o autor Polster e Polster (2001), o papel do psicoterapeuta é o de mentor e companheiro do cliente, durante o processo vai o ajudando a manter em equilíbrio a segurança e os aspectos emergentes da experiência, dando sugestões, orientações e apoio.
Finalmente, o terapeuta e o cliente vão se auxiliando na criação de uma historia de vida que é escrita conforme esta mesma se desenrola.


REFERÊNCIAS
D’ACRI, G. LIMA, P. ORGLER, S. Dicionário de gestalt-terapia: “gestaltês”. São Paulo: Summus, 2007.
RODRIGUES, H. E. Introdução à Gestalt-terapia: Conversando sobre os fundamentos da abordagem gestáltica. 4ª Ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2007
POLSTER E. e POLSTER M. Gestalt-terapia integrada. São Paulo: Summus, 2001.
ZINKER, J. Processo criativo em gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 2007.


terça-feira, 5 de maio de 2015

A RELIGIOSIDADE HUMANA, A EDUCAÇÃO E A MORTE.

 Para começar a pensar neste assunto, sobre religiosidade humana, educação e a morte, não posso deixar de trazer o conhecimento, embora que seja de principiante, dos grandes pensadores e historiadores da humanidade, que a ideia do Deus pessoal, antropomórfico, semelhante ao próprio ser humano, foi uma invenção das grandes civilizações para aí projetar seus ideais morais, geralmente irrealizáveis, como não matar, não roubar. Não podemos esquecer que antes do predomínio do monoteísmo abraâmico que originou o judaísmo, o cristianismo e o islã, predominava o politeísmo, portanto a ideia do Deus único é mais recente.
Em essência essas ideias de deuses são parecidas, Deus antropomórfico, com vontades, interferindo no mundo. Para confirmar esse pensamento eu me lembro de Freud, e se não me engano no texto, “O Futuro de uma ilusão”, ele apresentava Deus como um pai que geralmente deixamos de ter quando saímos da infância, para buscarmos consolo e conforto contra os males do mundo. Mas em minha opinião, penso que a ideia do homem à imagem e semelhança de Deus foi mais por medo do que por orgulho, não esquecendo que essa ideia deve ser pontuada como historicamente, e não tomada como um dogma imutável. No entanto concordar ou não é uma questão individual. 
Eu concordo no sentido em que Deus é questão apenas de fé, as afirmações quanto a existência de Deus existir ou não existir,  para mim não tem sentido, o que convém dizer é  se eu acredito em Deus ou não em Deus. Mas se podemos chegar a Deus apenas através da fé como podemos afirmar que ele tem a nossa semelhança? Não seria isso uma tolice? Seria melhor imaginar pela mesma fé que conhecer os atributos físicos de Deus é impossível. Por ser uma questão de fé, só podemos crer que Deus é energia pura, amor e esperança, atributos que não tem forma, pois não podem ser esquematizados. 
Seguindo esse pensamento me remeto a Santo Agostinho, que segundo a sua história queria conhecer Deus, porque pensava que por Deus era conhecido. Diante desta realidade queria fazer a experiência de Deus, pois sentia que era amado. Isso o levou a confessar a Deus suas misérias e a deparar-se com o que lhe desagradava. Por isso queria renunciar a si mesmo para somente estar com Deus. Sabia também que o que confessava a Deus por ele era conhecido. Porém, que finalidade tem para os homens conhecerem as suas confissões e que benefícios isso pode acarretar?
Agostinho começou a perceber que somente no interior da alma encontraria Deus e que estaria diante dele. Esse encontro, porém, se daria vencendo as forças exteriores, que é a força da sua natureza. Assim Santo Agostinho se deparou com uma nova indagação, quem eu amo, então, quando amo a meu Deus? Sentia-se interiormente pequeno diante de Deus, pois, como ele mesmo dizia, está acima de sua alma. Sabia, porém, que somente a alma poderia levá-lo à intimidade com o Altíssimo. Seus sentidos deveriam convergir para o Senhor, experimentando assim uma comunhão cada vez maior. Então Santo Agostinho entendeu que somente vencendo sua natureza, ou seja, mortificando-se, poderia estar subindo os degraus até o seu Criador. Cada envolvimento que Santo Agostinho teve com o Senhor ele foi se conhecendo e descobrindo novas maneiras de estar cada vez mais próximo de Deus.
O filósofo Nietzsche em uma de suas frases populares diz que: “os que foram vistos dançando foram julgados insanos pelos que não conseguiam ouvir a música.” Eu afirmo que os que conseguiram desenvolver a fé foram considerados insanos por aqueles que não a desenvolveram.


"Vividação e situação Limite: A experiência entre o viver e o morrer no cotidiano do Hospital".


Neste testo os autores procuram retratar o dia a dia do Centro Restauração, na cidade do Recife, PE. A realidade hospitalar e as experiências dos participantes desse cenário crítico envolvem a situação-limite entre o viver e o morrer do paciente e as ações dos profissionais cuidadores para o tratamento necessário. Refletem sobre o sofrimento do paciente grande queimado, no momento em que seus recursos psicológicos se encontram diante do trauma sofrido e como suporta e enfrenta o desafio, junto à equipe de saúde, de cicatrizar a sua pele danificada pela ação do calor.
Procurando considerar as experiências do paciente e o modo como ele enfrenta e suporta o tratamento necessário. Nesse sentido afirmam que o grande queimado pode apresentar reações distintas pela sua singularidade, como forma de expressar o insuportável; muitas vezes, pedem para morrer como recusa ao tratamento, prolongado e extremamente doloroso, ou querem ir embora, minimizando o seu quadro, tentando fugir do insuportável. Querem também afastar-se não só do seu tratamento e das normas institucionais, mas do confronto com o sofrimento dos demais pacientes e dos acontecimentos na enfermaria. Ainda no texto ressaltam que essas reflexões poderão se ampliar para qualquer outra situação-limite de adoecimento, na qual o paciente precisará buscar forças para suportar um tratamento, (re)conhecer-se em seu sofrimento e compreender o sentido dado por ele à experiência vivida. E é esse viés que quero pegar para expor um pensamento ou teoria de como vejo ou penso o ser humano na sua existência. Possuo uma teoria que o ser humano se aproxima em sua evolução, crescimento e desenvolvimento, as fazes do desenvolvimento de uma borboleta...
Se pensarmos no processo de desenvolvimento desse inseto, podemos afirmar que ele passa por varias fazes, do ovo, passa a lagarta, o casulo até chegar a borboleta. Pois bem considero dentro dessas fazes, que existem os processos de desenvolvimento e dentro dos processos de desenvolvimentos considero ainda que existam frações de fazes. Começando pelo ovo, assim que é colocado pelo inseto ele passa pelo processo de maturação, dentro desse processo de maturação a lagarta não poderá sair, correndo o risco de não estar bem formada, pois existe ai, as frações do processo de desenvolvimento, assim acontece com a lagarta até chegar ao casulo, e durante todo o processo de maturação do casulo, então e só então a borboleta poderá sair esse processo não pode ser alterado em nenhuma de suas frações do processo de desenvolvimento.
Na minha concepção as pessoas também passam por todo esse processo de desenvolvimento. Podemos então pensar que algumas pessoas se encontram na faze do ovo, por exemplo, se o processo estiver no principio, vai ter que passar por todas as frações de amadurecimento para depois sair dessa faze. Se estiver mais evoluída já como larva, ainda assim terá que passar por todas as frações do processo de  desenvolvimento, e se estiver na fase do casulo, que considero o ser que já se voltou para si, e passa a refletir sobre suas ações e o seu ser no mundo, terá também que passar por todo esse processo até chegar a fase final que é a borboleta. Todas estas fases devem ser rigorosamente respeitadas, como sabemos. Pois bem voltando ao texto, os autores se questionam por que alguns pacientes, grande queimados, não conseguem suportar tanto sofrimento mesmo com todo o auxilio da equipe médica, enquanto outros em estados até mais grave conseguem reagir, encontrando forças dentro de si revertendo a situação.
Enquanto lia o texto o pensamento, sobre as fases da borboleta me acompanharam o tempo todo. Penso que dentro de cada principio até o fim de uma fase alcançamos um grau de desenvolvimento, crescimento e evolução,  com isso o ser humano também dentro desse processo vai lidar com as dificuldades conforme seu entendimento do mundo e de si mesmo. Quanto mais o ser humano se encontrar próximo a fase da borboleta  mais maduro estará para atuar no mundo enfrentando as adversidades com responsabilidade e segurança, do contrário serão seres imaturos, semelhantes a  crianças, que um dia irão crescer, pois afinal ninguém pode fugir dessas fases e frações de processos de desenvolvimento. Pensando desse modo podemos dizer que os pacientes não desistem da vida em função do sofrimento, só não sabem como se faz para sair dele, sendo aniquilados por sua imaturidade fracional do processo.






MEDO DA MORTE MEDO DA VIDA


          Na música de Gilberto Gil, não tenho medo da morte, mas sim medo de morrer, qual seria a diferença, você há de perguntar, é que a morte já é depois, que eu deixar de respirar, morrer ainda é aqui, na vida, no sol, no ar, ainda pode haver dor, ou vontade de mijar. Fiquei pensando, que interessante essa letra de música, uma reflexão de certa forma cantada por alguém que sente medo de morrer, mas como todos nós com poucas exceções sabemos que a morte é a única certeza de nossas vidas é a perda daqueles que amamos é, sem dúvida, dependendo do caso, a mais profunda fonte de dor.

          No entanto quero deixar bem claro mais uma vez, quando falo em perdas não me refiro somente á morte, mas sim a diversas experiências de perda, como a separação entre as pessoas vivas, a doença como parte da pessoa que morre, o próprio desenvolvimento humano como formas de evolução e morte, a morte psíquica, a morte psicológica, as amputações, a perda de uma casa, dentre outras possibilidades.

         As perdas fazem parte do cotidiano, já que ocorrem em todos os momentos do desenvolvimento humano e, embora sejam experiências do ser humano, são vividas de forma particular por cada indivíduo. Portanto, o impacto da perda da saúde e da extinção da vida, até mesmo o luto, é vivido por cada pessoa de modo singular. 

           A pessoa que passa pelo luto, também passa por fases como entorpecimento, saudade e busca do objeto perdido, desorganização e desespero para finalmente uma  maior ou menor reorganização. Contudo também gosto de pensar que se a vida, for vivida de fato, se valorizarmos cada momento, e vivermos intensamente na medida do possível, vamos seguir em direção a morte sem nos preocuparmos, nunca vamos ter medo da morte. Se a pessoa viveu a sua vida, a morte chegará como que naturalmente. Mas, se não vivemos, então é certo que a morte vai causar medo. Se não vivemos, se não arriscamos por medo de viver, então a morte certamente vai tirar de nós o tempo, e todas as oportunidades futuras de viver.

          No passado, não vivemos e não haverá mais nenhum futuro, então vai surgir o medo. Portanto o medo surge não por causa da morte, mas por causa da vida não vivida, por não termos administrados as nossas perdas. E, por causa do medo da morte ou das perdas, o final da vida como a velhice também causa medo, pois esse é o primeiro passo para a morte. 

        Do contrário, a velhice também é bela. Ela é o amadurecimento do nosso ser, é maturidade, crescimento. Falo na velhice porque não tem como falar em perdas, lutos, medo da morte ou medo da vida sem que a velhice não esteja presente, também como a morte ela é uma certeza em nossas vidas. 

Tanatologia e Logoterapia

    
Este trabalho é uma proposta de relacionar o sentido da vida humana e a morte. Por meio de um diálogo entre Elizabeth Kübler-Ross, precursora dos estudos em tanatologia, e Viktor E. Frankl, criador da Logoterapia. O artigo é divido em três momentos, o primeiro de apresentação da tanatologia, bem como os estudos de Elizabeth Kübler-Ross. Em seguida, é feita uma exposição sobre a Logoterapia de Viktor Frankl, seus fundamentos teóricos e metodológicos. Por fim, é feito um entrelaçamento entre as duas teorias, a fim de enriquecer o olhar sobre os cuidados paliativos e o lidar com a morte, concluindo, portanto, que a vida só tem sentido porque é finita.
Começo dizendo que o sofrimento e a morte fazem parte da existência humana, porém, frequentemente, esses dois fatores são rejeitados, porque carregam uma simbolização negativa, provocando sentimentos como a angústia, a culpa, o medo e a ansiedade.
No entanto o artigo traz que é possível encontrar sentido para a vida diante do sofrimento e da morte, a abordagem Logoterapêutica contribui para o auxílio, da possibilidade de despertar a consciência sobre a motivação, vontade de sentido, e a capacidade de encontrar sentido em qualquer momento e situação da vida.
Desta forma, auxilia a pessoa a conceber sentido para o sofrimento que não se pode evitar, como a morte, permitindo que ela possa se posicionar frente às restrições e perdas e utilizar-se da capacidade humana, tornando-se responsável pela construção da própria vida. Desta forma, o sujeito ou a pessoa poderão apresentar maior qualidade de vida nas dimensões biopsicosócioespiritual, transformando os sentimentos que antes eram percebidos como negativos em fontes motivacionais para a vida com sentido.
 A Logoterapia tem a postura, nas palavras de Frankl, de considerar a transitoriedade da vida de modo ativista. Compara-se um sujeito ativista com aquele que a cada dia retira uma folha do calendário, anotando no verso algumas observações sobre o que se passou na vida e, com satisfação e felicidade, reflete sobre o grande valor de suas anotações que, na verdade, significam tudo o que foi vivido.
Mas a reflexão que fica desse texto é a opção de um sentido que é dado por nós da nossa vida. Entre o momento que nascemos e o momento que morremos o que fazemos com nossa vida, com que contribuímos para nós mesmos, será que temos a pretensão de nos tornamos seres melhores, mas então eu penso melhores em quê, e quanto à humanidade, qual a nossa contribuição, e para o universo, nossa!!! Será que temos condições de darmos um sentido à nossa vida ou esperamos que tudo aconteça ao acaso, temos realmente maturidade para darmos essa direção.
Talvez a melhor resposta que possamos encontrar esteja na filosofia de Sartre, em um artigo ele é citado afirmando ser a vida um acaso, que estamos jogados no mundo, e que não há sentido na existência. Dessa forma trata-se então de um pessimismo que nos levará à inércia, à espera pela morte? Pelo fato de não existir um sentido prévio, pelo fato de estarmos lançados no mundo ao acaso, somos nós os responsáveis pela construção daquilo que somos e vivemos. Se não estamos satisfeitos com nossas vidas, podemos modificá-las, transformá-las.
Podemos desconstruir modos de ser e construir novos. Lembrando, é claro, que nem tudo depende de nossa decisão. Lembrando aqui da metamorfose sofrida pela borboleta, ela não tem controle sobre suas transformações, no entanto tem responsabilidade de como vai conduzir e aceitar cada processo de sua transformação. Como afirmou Sartre, o que importa, não é o que fizeram conosco, mas o que fazemos com o que fizeram conosco. Portanto, talvez fosse mais sensato, perguntar-se: pode ser diferente? O que aconteceria se eu escolhesse outro caminho? Quais são os caminhos possíveis? Antes viver do que tentar compreender a morte...


Infância e Morte: um Estudo Acerca da Percepção das Crianças sobre o Fim da Vida.


O texto traz de uma forma leve a percepção das crianças sobre a morte, destacando a responsabilidade dos pais e da escola para abordar esse tema. Dessa maneira os autores trazem que as experiências de perdas é um fato marcante na vida das crianças.
Como proposta interventiva, sugerem que as escolas adotem estratégias sólidas para abordar o assunto, dispondo, para tanto, de tempo e profissionais (psicólogos e psicopedagogos) capacitados.
Mas para que isso possa acontecer efetivamente é necessário que o adulto ou cuidador tenha uma comunicação aberta e clara com a criança, além de adequada ao seu nível de compreensão. Penso que a criança poderá desde cedo ter uma boa aceitação das dificuldades e de suas perdas se o adulto compartilhar sentimentos e demonstração do apoio  para a  criança e a família no período pós-morte. Mesmo que seja difícil a comunicação da morte de um parente próximo para a criança é muito importante que o adulto tome alguns cuidados ao transmitir a notícia ou informação principalmente se for alguém com quem a criança tenha fortes laços de afetividade.
Acredito que crianças pequenas que perderam uma pessoa a qual sentiam afeto, experimente sentimento de pesar e passem por períodos de luto assim como o adulto.
Dependendo da sociedade e das crenças as relações com a morte e com o morto são bastante distintas e isso é passado para a criança, que faz parte dessa sociedade.
Na nossa sociedade mesmo, o DSM V, traz que o luto hoje é somente de três semanas, como explicar para uma criança que o seu sofrimento e o do adulto possuem tempo certo para terminar. Sabemos que algumas pessoas adultas claro, passam a valorizar o morto realizando uma manutenção dos vínculos, ao contrario da que  existia antes da morte, tentam manter os vínculos como se a pessoa não estivesse morta impedindo a elaboração da perda, não permitindo que o luto avance no seu processo, tornando uma patologia segundo o DSM V.
Então como esse adulto vai conseguir comunicar a uma criança de maneira que não lhe cause maior sofrimento do que ela já esta experimentando. Falar com a criança sobre a morte não é tarefa fácil. Para o adulto além da necessidade de proteger essa criança, falar sobre a morte implica defrontar-se com sua própria morte, seus medos e ansiedades, pois alguns não conseguem nem pensar quanto mais falar na finitude do corpo.
A criança de hoje por natureza demostra necessidade de compartilhar seus medos, angústias, fantasias e sentimentos, e é nesta hora, que o cuidador deverá estar preparado para transmitir e propiciar a esses pequenos seres conforto e segurança, mas se o adulto não consegue dar conta do assunto ou problema como vai transmitir esses sentimentos para a criança. Seria muito importante que o adulto pudesse atuar como facilitador no processo de luto da criança, que compartilhasse sua dor pela perda da pessoa querida e favorecesse a comunicação, buscando amenizar o sofrimento para ambos.
Quando essa comunicação é interrompida os sentimentos poderão segundo a literatura, se manifestar por meio de sintomas disfuncionais ou de comportamentos destrutivos, no que diz respeito principalmente a criança a falta de informação sobre o que realmente aconteceu contribui para que a mesma dê asas à imaginação, formando uma visão distorcida da morte de seu ente querido e alimentando medos e até mesmo culpa.
Os adultos costumam entrar em desespero diante das perguntas das crianças sobre a morte, mas se o adulto deixar a criança se expressar as próprias palavras da criança permitem que se estabeleça um diálogo e que se formulem questões junto a ela. Deixar a criança dar o tom e estabelecer o ritmo da conversa parece a maneira mais apropriada de se abordar o tema morte. No entanto o adulto não pode esquecer-se de respeitar o nível de desenvolvimento da criança, devendo utilizar uma linguagem acessível e fazer uso de elementos facilitadores, como, por exemplo, a literatura infantil, os desenhos animados e os filmes.
É importante reafirmar aqui que o adulto que comunica também está de luto e, portanto, sofre e necessita de apoio tanto quanto a criança. Em muitos momentos, não sabe como agir, não tem as respostas ou não encontra as palavras adequadas ou suficientes; nessas horas, um afago, um abraço apertado, a troca de carinhos pode fazer toda diferença.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Relatório Geral da Prática Profissional em Psicologia do Trabalho II



A oportunidade de trabalhar na aplicação do Projeto de Intervenção junto aos acadêmicos do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética da UTP, possibilitou às estagiárias o desenvolvimento de um olhar mais dilatado sobre a dinâmica dos grupos além de ter propiciado a familiarização com as técnicas, metodologia, uso de recursos, bem como o desenvolvimento da criatividade e disponibilidade para a escuta. Entender a realidade desses jovens, ouvi-los, compreender suas necessidades foi de extrema relevância para que as acadêmicas aprendessem muito em termos de vivência, atitudes, conhecimento, competências e habilidades durante a intervenção.
Todas as atividades foram pensadas e elaboradas pelas acadêmicas visando trabalhar as questões de integração grupal, desenvolvimento de empatia, autoestima, aceitação do outro, tolerância, respeito às diferenças, criatividade, flexibilidade, colaboração no grupo, ética na profissão, dentre outras. No entanto, pôde-se perceber a dificuldade de integração entre os participantes, suas resistências, timidez, alienação,  rivalidades e ciúmes.
Pode-se pontuar, contudo, que por serem alunos do primeiro período, que estão adentrando a Universidade, ainda não solidificaram as amizades, não estando totalmente integrado ao grupo, o que por si só já se constituía numa grande oportunidade de execução do trabalho proposto pelas estagiárias, pois que este visava justamente inserir o aluno no seu grupo, trabalhando as questões de timidez, intolerâncias, resistências, baixa autoestima, isolamento, elementos comuns em grupos que estão se formando, denotando uma imaturidade grupal.  MoscovicI (2001), fala sobre o processo de maturidade grupal, que seria a produção efetiva do grupo, quando este conquista um estado de tolerância e aceitação das diferenças individuais, o que permite a integração e o equilíbrio entre todos os seus membros. No entanto isso não foi possível nesse trabalho, num primeiro olhar as alunas não demostraram interesse em participar das atividades desenvolvidas pelas estagiárias de psicologia. Uma das razões explicadas pela aluna que participou de todos os encontros foi que algumas meninas são bem difíceis, que existe também o desejo de outras alunas fazerem um curso profissionalizante mais rápido, pois suas necessidades como de se manter monetariamente se faz urgente, por isso a necessidade de um curso de curta duração. Para as estagiárias pereceu em primeiro plano que as alunas agiram com desinteresse e fizeram pouco caso nas atividades, pois se sabia que havia conflitos entre grupos que surgiram na sala de aula, como processos por ofensas pessoais e morais e o trabalho que as estagiárias propunham era exatamente trabalhar esses conflitos.
Mas mais tarde com o decorrer das atividades e participação de algumas alunas foi sendo analisado em seus discursos que não seria somente o desinteresse das alunas, mas sim suas necessidades mais emergentes.
Nesse sentido podemos remeter nosso pensamento às necessidades de Maslow, estas necessidades são dispostas em ordem hierárquica, na base da pirâmide, encontra-se o grupo de necessidades que Maslow considera ser o mais básico dos interesses fisiológicos e de sobrevivência. Este é o nível das necessidades fisiológicas, que estimulam comportamentos caracterizados pelo verbo ter.
O segundo nível da hierarquia é constituído por uma série de necessidades de segurança. Uma vez atendidas as necessidades fisiológicas, a tendência natural do ser humano será a de manter. Na sequência, quando a segurança é obtida, surgem as necessidades de pertencer a grupos, associar-se a outras pessoas, ou seja, de se igualar. Estas necessidades são chamadas de sociais ou de associação. O passo seguinte na escala de necessidades é o da estima ou de status. Neste ponto, as necessidades de destaque, reconhecimento e admiração por parte do grupo são manifestadas. Embora as necessidades de estima sejam difíceis de ser superada, por depender de terceiros, Maslow sugere que em alguns casos elas podem ser adequadamente satisfeitas, liberando assim os indivíduos para atingir o nível mais alto da hierarquia. Quando isto ocorre, as necessidades de maximizar as potencialidades e de testar a própria capacidade farão com que as ações do indivíduo sejam dirigidas em busca do vencer. Este é o nível das necessidades mais maduras e construtivas da hierarquia de Maslow, conhecidas como necessidades de auto realização.
Sabemos que o ser humano se constitui a partir da estruturação de sua relação com o outro. Viver com o outro na delimitação de si e do mundo externo estabelece os vínculos na construção dos relacionamentos entre as pessoas.
Para Moscovici (2001), pessoas convivem e trabalham com pessoas, e reagem a essa interação: simpatizam, antipatizam, competem, colaboram, desenvolvem afetos, e é nesse processo de interação que cada um em presença do outro não fica indiferente.
Essa turma de Estética tinha uma relação de disputa com valores distorcidos mantidos pelo visual, o que ocasionava constrangimento e até mesmo desgosto ocasionando desmotivação pelo curso. Nesse sentido podemos pensar que a teoria de Maslow faz algum sentido, mas teremos que considerar outros fatores nesse caso, como a constituição do grupo e como as alunas formavam seus vínculos afetivos e trabalhavam com suas motivações.
Outro pensamento que se pode realizar é que segundo Viktor Frankl, o ser humano vive motivado, fundamentalmente, pela vontade de realizar sentido na vida; para isso, o homem deve se empenhar na realização de valores na forma de criações, vivências e atitudes. Em sua pesquisa comprovou empiricamente, quando, esteve preso em campos nazistas de concentração, que o fator decisivo para a sobrevivência não era ser forte, jovem ou inteligente. Muitas vezes um idoso sobrevivia, enquanto um jovem logo morria; várias vezes os homens mais robustos eram os primeiros a caírem em desespero, enquanto os mais franzinos aguentavam todas as provações como, foi o caso dele.
Frankl concluiu então que o fator decisivo da sobrevivência dos prisioneiros era a questão do sentido da vida. Aqueles que viam na vida algum sentido, pelo qual eles deveriam continuar existindo, possuíam uma capacidade de resistência muito maior. O que ele denominou de vontade de sentido.
Pensa-se que as alunas do curso de estética não tinham só o desinteresse como pareceu no princípio, mas como foram colocadas nos parágrafos acima, outras necessidades se faziam mais urgentes como colocam Maslow e Frankl.
Sabemos também que somos seres gregários por excelência e as relações interpessoais são vínculos de importância significativa para os seres humanos, elas revelam que uma pessoa pode influenciar atitudes e comportamentos de outras. No entanto as atitudes desrespeitosas e gerando certo desconforto nas colegas também pode ser considerado um fator desmotivacional dentro do curso de Estética.
De qualquer forma as atividades foram extremamente proveitosas e recompensadoras para as estagiarias, assim como para a aluna que permaneceu até o final. Pois durante as atividades foram surgindo situações inusitadas fazendo com que as estagiárias desenvolvessem o aprendizado, a improvisação e criatividade, qualidades essas imprescindíveis para a atuação do psicólogo em qualquer área de sua carreira. Neste caso específico, que se trata da psicologia do trabalho pode-se dizer que o profissional nessa área pode atuar individualmente, como ocorreu durante o estágio, ou em equipe multiprofissional, onde quer que se deem as relações de trabalho nas organizações sociais formais ou informais, visando a aplicação do conhecimento da Psicologia para a compreensão, intervenção e desenvolvimento das relações e dos processos intra e interpessoais, intra e intergrupais e suas articulações com as dimensões política, econômica, social e cultural. Podendo também desenvolver ações destinadas às relações de trabalho no sentido de auxiliar na produtividade e da realização pessoal dos indivíduos e grupos, intervindo na elaboração de conflitos e estimulando a criatividade na busca de melhor qualidade de vida no trabalho refletindo assim na vida pessoal do sujeito.


domingo, 5 de abril de 2015

Considerações finais do Estudo de Caso Clínico para Conclusão do Curso de Psicologia, da Universidade Tuiuti do Paraná.


A prática clínica, durante o estágio de minha formação, tornou-se um grande desafio. Diferentemente de outras profissões, em que é possível uma apropriação objetiva do que é necessário fazer para que se cumpra a tarefa, a prática clínica surgiu diante de mim como um desafio, e em certas situações como um mistério. 
Durante os atendimentos constantemente aparecia algumas dúvidas em que momentos eu como psicoterapeuta deveria me concentrar a respeito do que focar, de qual intervenção empregar a serviço da cliente e trazer tudo aquilo que aprendemos acerca do humano. Durante o estágio da clinica eu me deparei com uma série de elementos que poderiam ser objeto de intervenção. Foram coisas que a cliente falava coisas que ela me mostrava em seu corpo, coisas que ela sinaliza por meio de sua postura, gestos, entonação. Essas pistas me apontavam vias possíveis para intervir em busca de uma compreensão mais acertada a respeito do seu funcionamento geral. Mas a minha dúvida durante o atendimento eram quais dessas pistas eu deveria seguir.
Penso que na maioria das vezes, o cliente ao buscar a psicoterapia tem uma demanda, uma queixa somática, uma dificuldade no relacionamento com alguém com quem ele precisa conviver, uma perda não superada, uma dependência, uma tentativa de reajuste social, algumas limitações na forma de pensar, entre outras coisas. Sei que esses desconfortos são a primeira oportunidade para que eu como psicoterapeuta participe da dinâmica existencial do cliente e possa começar a construir um vínculo de confiança, o que não tive dificuldade alguma. O vinculo, a confiança, a empatia e a aceitação incondicional, assim como a postura ética e respeitosa com a pessoa que havia sido enviada para mim, foi de fundamental importância para que a psicoterapia obtivesse o êxito que atingiu.
Sei que minha tarefa como psicoterapeuta é propiciar ao cliente a compreensão da totalidade das circunstâncias em que está inserido, muito mais do que apenas perseguir seus porquês. Mas ainda penso estar longe de dominar toda a teoria, no entanto o que procurei sempre fazer quando estava diante da cliente era trazer o sentimento de empatia e acolhe-la de maneira incondicional para que em função de minha pouca experiência não a prejudicasse de alguma forma.
Posso dizer que de certa forma os atendimentos na clinica escola de psicologia foram um desafio sim, mas também excessivamente estimulante e gratificante, por esse motivo me sinto a vontade para agradecer a cliente que me proporcionou esse estudo e ao professor Francisco M. P. Mendes que me supervisionou.


Breve comentário sobre a Gestalt.



Frederick Perls nasceu de uma família judaica em 1893, em Berlim. Formou-se em medicina em 1920,e em 1930 casou-se com Laura Posner Perls, em função da perseguição nazista instalou-se na África do Sul, onde junto com Laura fundou o Instituto Sul-Africano de Psicanálise. Com a colaboração de Laura escreveu o livro Ego, fome e agressão, publicado em 1942, no qual faz uma reavaliação discordando da teoria psicanalítica, principalmente quanto ao papel da agressividade, que considera saudável e importante para o desenvolvimento humano, tanto para a preservação quanto para a interação com o meio.
Por volta do ano de 1940, receando o apartheid na África do Sul, muda-se com a família para os Estados Unidos, associando-se a grupos de artistas e intelectuais, surgindo daí o “grupo dos sete”, constituído por Perls e Laura, com: Isadore From, Paul Goodman, Paul Weisz, Sylvester Eastman  Elliot Shapiro, e mais tarde Ralph Hefferline, sendo esse grupo considerado por muitos como o criador da Gestalt-terapia. Gestalt é uma palavra alemã, de difícil tradução. Significa dar forma, dar uma estrutura significante. Exato seria dizer Gestaltung, palavra que indica uma ação prevista, em curso ou acabada, que implica um processo de dar forma, uma “formação”. Essa teoria é hoje praticada em contextos e com objetivos muito diferentes: em psicoterapia individual face a face, em terapia de casais, em terapia familiar, em grupos contínuos de terapia, mas também em grupos de desenvolvimento pessoal do potencial individual, assim como em instituições ou ainda em empresas do setor industrial ou comercial.
              No ano de 1951, foi lançado o livro Gestalt-terapia no qual foi utilizado o termo “gestalt-terapia” pela primeira vez, podendo ser considerado o livro mais básico dessa teoria.
Perls morreu em 14 de março de 1970 no Canadá, deixando como legado uma das mais importantes abordagens para a Psicologia. 
No Brasil a Gestalt-terapia apareceu em 1972, com Therese Tellegen, que publicou o artigo “Elementos de psicoterapia Gestaltica” e no ano seguinte trouxe Silvia Peters para um workshop de doze horas no Brasil. Nos anos de 1976 e 1977 são publicados no Brasil os primeiros livros de Gestalt Terapia: “Tornar-se Presente” e “Gestalt Terapia Explicada”.
Em 1977 surgiu o primeiro grupo de treinamento no Brasil dirigido por Walter Ribeiro e em 1981 Tellegem, Liliam Frazão, Abel Guedes e Jean Clark Juliano fundaram o centro de estudos de Gestalt de São Paulo, já em 1984 Tellegen publica o primeiro livro brasileiro de Gestalt – “Gestalt e grupos: Uma Perspectiva Sistêmica” e no ano seguinte, Jorge Ponciano Ribeiro publica “Gestalt Terapia: Refazendo um caminho”.
Hoje Gestalt-terapia é uma abordagem Humanista, Existencial e Fenomenológica, ou seja, sua visão de homem recebe influências das três filosofias citadas acima, da mesma forma a prática clínica do Gestalt terapeuta vai sendo permeada por estas filosofias.
A proposta da Gestalt-terapia é integrar a focalização da awareness (consciência) do cliente com sua maneira de entrar em contato consigo, no aqui e agora, promovendo assim o fechamento de gestalts abertas ou inacabadas, considerando o homem como um ser responsável e em constante crescimento.
O Homem tem estado em luta permanente, consigo e com os outros homens, na eterna tentativa de se firmar e de ser reconhecido como pessoa, o Humanismo -  reconhece o valor do homem, o existencialismo -  penetra nos pensamentos concretos do homem, em suas angústias e preocupações, suas emoções interiores, ânsias e satisfações, a Fenomenologia - capta a essência mesma das coisas, como ela acontece e se processa.