terça-feira, 5 de maio de 2015

A RELIGIOSIDADE HUMANA, A EDUCAÇÃO E A MORTE.

 Para começar a pensar neste assunto, sobre religiosidade humana, educação e a morte, não posso deixar de trazer o conhecimento, embora que seja de principiante, dos grandes pensadores e historiadores da humanidade, que a ideia do Deus pessoal, antropomórfico, semelhante ao próprio ser humano, foi uma invenção das grandes civilizações para aí projetar seus ideais morais, geralmente irrealizáveis, como não matar, não roubar. Não podemos esquecer que antes do predomínio do monoteísmo abraâmico que originou o judaísmo, o cristianismo e o islã, predominava o politeísmo, portanto a ideia do Deus único é mais recente.
Em essência essas ideias de deuses são parecidas, Deus antropomórfico, com vontades, interferindo no mundo. Para confirmar esse pensamento eu me lembro de Freud, e se não me engano no texto, “O Futuro de uma ilusão”, ele apresentava Deus como um pai que geralmente deixamos de ter quando saímos da infância, para buscarmos consolo e conforto contra os males do mundo. Mas em minha opinião, penso que a ideia do homem à imagem e semelhança de Deus foi mais por medo do que por orgulho, não esquecendo que essa ideia deve ser pontuada como historicamente, e não tomada como um dogma imutável. No entanto concordar ou não é uma questão individual. 
Eu concordo no sentido em que Deus é questão apenas de fé, as afirmações quanto a existência de Deus existir ou não existir,  para mim não tem sentido, o que convém dizer é  se eu acredito em Deus ou não em Deus. Mas se podemos chegar a Deus apenas através da fé como podemos afirmar que ele tem a nossa semelhança? Não seria isso uma tolice? Seria melhor imaginar pela mesma fé que conhecer os atributos físicos de Deus é impossível. Por ser uma questão de fé, só podemos crer que Deus é energia pura, amor e esperança, atributos que não tem forma, pois não podem ser esquematizados. 
Seguindo esse pensamento me remeto a Santo Agostinho, que segundo a sua história queria conhecer Deus, porque pensava que por Deus era conhecido. Diante desta realidade queria fazer a experiência de Deus, pois sentia que era amado. Isso o levou a confessar a Deus suas misérias e a deparar-se com o que lhe desagradava. Por isso queria renunciar a si mesmo para somente estar com Deus. Sabia também que o que confessava a Deus por ele era conhecido. Porém, que finalidade tem para os homens conhecerem as suas confissões e que benefícios isso pode acarretar?
Agostinho começou a perceber que somente no interior da alma encontraria Deus e que estaria diante dele. Esse encontro, porém, se daria vencendo as forças exteriores, que é a força da sua natureza. Assim Santo Agostinho se deparou com uma nova indagação, quem eu amo, então, quando amo a meu Deus? Sentia-se interiormente pequeno diante de Deus, pois, como ele mesmo dizia, está acima de sua alma. Sabia, porém, que somente a alma poderia levá-lo à intimidade com o Altíssimo. Seus sentidos deveriam convergir para o Senhor, experimentando assim uma comunhão cada vez maior. Então Santo Agostinho entendeu que somente vencendo sua natureza, ou seja, mortificando-se, poderia estar subindo os degraus até o seu Criador. Cada envolvimento que Santo Agostinho teve com o Senhor ele foi se conhecendo e descobrindo novas maneiras de estar cada vez mais próximo de Deus.
O filósofo Nietzsche em uma de suas frases populares diz que: “os que foram vistos dançando foram julgados insanos pelos que não conseguiam ouvir a música.” Eu afirmo que os que conseguiram desenvolver a fé foram considerados insanos por aqueles que não a desenvolveram.


"Vividação e situação Limite: A experiência entre o viver e o morrer no cotidiano do Hospital".


Neste testo os autores procuram retratar o dia a dia do Centro Restauração, na cidade do Recife, PE. A realidade hospitalar e as experiências dos participantes desse cenário crítico envolvem a situação-limite entre o viver e o morrer do paciente e as ações dos profissionais cuidadores para o tratamento necessário. Refletem sobre o sofrimento do paciente grande queimado, no momento em que seus recursos psicológicos se encontram diante do trauma sofrido e como suporta e enfrenta o desafio, junto à equipe de saúde, de cicatrizar a sua pele danificada pela ação do calor.
Procurando considerar as experiências do paciente e o modo como ele enfrenta e suporta o tratamento necessário. Nesse sentido afirmam que o grande queimado pode apresentar reações distintas pela sua singularidade, como forma de expressar o insuportável; muitas vezes, pedem para morrer como recusa ao tratamento, prolongado e extremamente doloroso, ou querem ir embora, minimizando o seu quadro, tentando fugir do insuportável. Querem também afastar-se não só do seu tratamento e das normas institucionais, mas do confronto com o sofrimento dos demais pacientes e dos acontecimentos na enfermaria. Ainda no texto ressaltam que essas reflexões poderão se ampliar para qualquer outra situação-limite de adoecimento, na qual o paciente precisará buscar forças para suportar um tratamento, (re)conhecer-se em seu sofrimento e compreender o sentido dado por ele à experiência vivida. E é esse viés que quero pegar para expor um pensamento ou teoria de como vejo ou penso o ser humano na sua existência. Possuo uma teoria que o ser humano se aproxima em sua evolução, crescimento e desenvolvimento, as fazes do desenvolvimento de uma borboleta...
Se pensarmos no processo de desenvolvimento desse inseto, podemos afirmar que ele passa por varias fazes, do ovo, passa a lagarta, o casulo até chegar a borboleta. Pois bem considero dentro dessas fazes, que existem os processos de desenvolvimento e dentro dos processos de desenvolvimentos considero ainda que existam frações de fazes. Começando pelo ovo, assim que é colocado pelo inseto ele passa pelo processo de maturação, dentro desse processo de maturação a lagarta não poderá sair, correndo o risco de não estar bem formada, pois existe ai, as frações do processo de desenvolvimento, assim acontece com a lagarta até chegar ao casulo, e durante todo o processo de maturação do casulo, então e só então a borboleta poderá sair esse processo não pode ser alterado em nenhuma de suas frações do processo de desenvolvimento.
Na minha concepção as pessoas também passam por todo esse processo de desenvolvimento. Podemos então pensar que algumas pessoas se encontram na faze do ovo, por exemplo, se o processo estiver no principio, vai ter que passar por todas as frações de amadurecimento para depois sair dessa faze. Se estiver mais evoluída já como larva, ainda assim terá que passar por todas as frações do processo de  desenvolvimento, e se estiver na fase do casulo, que considero o ser que já se voltou para si, e passa a refletir sobre suas ações e o seu ser no mundo, terá também que passar por todo esse processo até chegar a fase final que é a borboleta. Todas estas fases devem ser rigorosamente respeitadas, como sabemos. Pois bem voltando ao texto, os autores se questionam por que alguns pacientes, grande queimados, não conseguem suportar tanto sofrimento mesmo com todo o auxilio da equipe médica, enquanto outros em estados até mais grave conseguem reagir, encontrando forças dentro de si revertendo a situação.
Enquanto lia o texto o pensamento, sobre as fases da borboleta me acompanharam o tempo todo. Penso que dentro de cada principio até o fim de uma fase alcançamos um grau de desenvolvimento, crescimento e evolução,  com isso o ser humano também dentro desse processo vai lidar com as dificuldades conforme seu entendimento do mundo e de si mesmo. Quanto mais o ser humano se encontrar próximo a fase da borboleta  mais maduro estará para atuar no mundo enfrentando as adversidades com responsabilidade e segurança, do contrário serão seres imaturos, semelhantes a  crianças, que um dia irão crescer, pois afinal ninguém pode fugir dessas fases e frações de processos de desenvolvimento. Pensando desse modo podemos dizer que os pacientes não desistem da vida em função do sofrimento, só não sabem como se faz para sair dele, sendo aniquilados por sua imaturidade fracional do processo.






MEDO DA MORTE MEDO DA VIDA


          Na música de Gilberto Gil, não tenho medo da morte, mas sim medo de morrer, qual seria a diferença, você há de perguntar, é que a morte já é depois, que eu deixar de respirar, morrer ainda é aqui, na vida, no sol, no ar, ainda pode haver dor, ou vontade de mijar. Fiquei pensando, que interessante essa letra de música, uma reflexão de certa forma cantada por alguém que sente medo de morrer, mas como todos nós com poucas exceções sabemos que a morte é a única certeza de nossas vidas é a perda daqueles que amamos é, sem dúvida, dependendo do caso, a mais profunda fonte de dor.

          No entanto quero deixar bem claro mais uma vez, quando falo em perdas não me refiro somente á morte, mas sim a diversas experiências de perda, como a separação entre as pessoas vivas, a doença como parte da pessoa que morre, o próprio desenvolvimento humano como formas de evolução e morte, a morte psíquica, a morte psicológica, as amputações, a perda de uma casa, dentre outras possibilidades.

         As perdas fazem parte do cotidiano, já que ocorrem em todos os momentos do desenvolvimento humano e, embora sejam experiências do ser humano, são vividas de forma particular por cada indivíduo. Portanto, o impacto da perda da saúde e da extinção da vida, até mesmo o luto, é vivido por cada pessoa de modo singular. 

           A pessoa que passa pelo luto, também passa por fases como entorpecimento, saudade e busca do objeto perdido, desorganização e desespero para finalmente uma  maior ou menor reorganização. Contudo também gosto de pensar que se a vida, for vivida de fato, se valorizarmos cada momento, e vivermos intensamente na medida do possível, vamos seguir em direção a morte sem nos preocuparmos, nunca vamos ter medo da morte. Se a pessoa viveu a sua vida, a morte chegará como que naturalmente. Mas, se não vivemos, então é certo que a morte vai causar medo. Se não vivemos, se não arriscamos por medo de viver, então a morte certamente vai tirar de nós o tempo, e todas as oportunidades futuras de viver.

          No passado, não vivemos e não haverá mais nenhum futuro, então vai surgir o medo. Portanto o medo surge não por causa da morte, mas por causa da vida não vivida, por não termos administrados as nossas perdas. E, por causa do medo da morte ou das perdas, o final da vida como a velhice também causa medo, pois esse é o primeiro passo para a morte. 

        Do contrário, a velhice também é bela. Ela é o amadurecimento do nosso ser, é maturidade, crescimento. Falo na velhice porque não tem como falar em perdas, lutos, medo da morte ou medo da vida sem que a velhice não esteja presente, também como a morte ela é uma certeza em nossas vidas. 

Tanatologia e Logoterapia

    
Este trabalho é uma proposta de relacionar o sentido da vida humana e a morte. Por meio de um diálogo entre Elizabeth Kübler-Ross, precursora dos estudos em tanatologia, e Viktor E. Frankl, criador da Logoterapia. O artigo é divido em três momentos, o primeiro de apresentação da tanatologia, bem como os estudos de Elizabeth Kübler-Ross. Em seguida, é feita uma exposição sobre a Logoterapia de Viktor Frankl, seus fundamentos teóricos e metodológicos. Por fim, é feito um entrelaçamento entre as duas teorias, a fim de enriquecer o olhar sobre os cuidados paliativos e o lidar com a morte, concluindo, portanto, que a vida só tem sentido porque é finita.
Começo dizendo que o sofrimento e a morte fazem parte da existência humana, porém, frequentemente, esses dois fatores são rejeitados, porque carregam uma simbolização negativa, provocando sentimentos como a angústia, a culpa, o medo e a ansiedade.
No entanto o artigo traz que é possível encontrar sentido para a vida diante do sofrimento e da morte, a abordagem Logoterapêutica contribui para o auxílio, da possibilidade de despertar a consciência sobre a motivação, vontade de sentido, e a capacidade de encontrar sentido em qualquer momento e situação da vida.
Desta forma, auxilia a pessoa a conceber sentido para o sofrimento que não se pode evitar, como a morte, permitindo que ela possa se posicionar frente às restrições e perdas e utilizar-se da capacidade humana, tornando-se responsável pela construção da própria vida. Desta forma, o sujeito ou a pessoa poderão apresentar maior qualidade de vida nas dimensões biopsicosócioespiritual, transformando os sentimentos que antes eram percebidos como negativos em fontes motivacionais para a vida com sentido.
 A Logoterapia tem a postura, nas palavras de Frankl, de considerar a transitoriedade da vida de modo ativista. Compara-se um sujeito ativista com aquele que a cada dia retira uma folha do calendário, anotando no verso algumas observações sobre o que se passou na vida e, com satisfação e felicidade, reflete sobre o grande valor de suas anotações que, na verdade, significam tudo o que foi vivido.
Mas a reflexão que fica desse texto é a opção de um sentido que é dado por nós da nossa vida. Entre o momento que nascemos e o momento que morremos o que fazemos com nossa vida, com que contribuímos para nós mesmos, será que temos a pretensão de nos tornamos seres melhores, mas então eu penso melhores em quê, e quanto à humanidade, qual a nossa contribuição, e para o universo, nossa!!! Será que temos condições de darmos um sentido à nossa vida ou esperamos que tudo aconteça ao acaso, temos realmente maturidade para darmos essa direção.
Talvez a melhor resposta que possamos encontrar esteja na filosofia de Sartre, em um artigo ele é citado afirmando ser a vida um acaso, que estamos jogados no mundo, e que não há sentido na existência. Dessa forma trata-se então de um pessimismo que nos levará à inércia, à espera pela morte? Pelo fato de não existir um sentido prévio, pelo fato de estarmos lançados no mundo ao acaso, somos nós os responsáveis pela construção daquilo que somos e vivemos. Se não estamos satisfeitos com nossas vidas, podemos modificá-las, transformá-las.
Podemos desconstruir modos de ser e construir novos. Lembrando, é claro, que nem tudo depende de nossa decisão. Lembrando aqui da metamorfose sofrida pela borboleta, ela não tem controle sobre suas transformações, no entanto tem responsabilidade de como vai conduzir e aceitar cada processo de sua transformação. Como afirmou Sartre, o que importa, não é o que fizeram conosco, mas o que fazemos com o que fizeram conosco. Portanto, talvez fosse mais sensato, perguntar-se: pode ser diferente? O que aconteceria se eu escolhesse outro caminho? Quais são os caminhos possíveis? Antes viver do que tentar compreender a morte...


Infância e Morte: um Estudo Acerca da Percepção das Crianças sobre o Fim da Vida.


O texto traz de uma forma leve a percepção das crianças sobre a morte, destacando a responsabilidade dos pais e da escola para abordar esse tema. Dessa maneira os autores trazem que as experiências de perdas é um fato marcante na vida das crianças.
Como proposta interventiva, sugerem que as escolas adotem estratégias sólidas para abordar o assunto, dispondo, para tanto, de tempo e profissionais (psicólogos e psicopedagogos) capacitados.
Mas para que isso possa acontecer efetivamente é necessário que o adulto ou cuidador tenha uma comunicação aberta e clara com a criança, além de adequada ao seu nível de compreensão. Penso que a criança poderá desde cedo ter uma boa aceitação das dificuldades e de suas perdas se o adulto compartilhar sentimentos e demonstração do apoio  para a  criança e a família no período pós-morte. Mesmo que seja difícil a comunicação da morte de um parente próximo para a criança é muito importante que o adulto tome alguns cuidados ao transmitir a notícia ou informação principalmente se for alguém com quem a criança tenha fortes laços de afetividade.
Acredito que crianças pequenas que perderam uma pessoa a qual sentiam afeto, experimente sentimento de pesar e passem por períodos de luto assim como o adulto.
Dependendo da sociedade e das crenças as relações com a morte e com o morto são bastante distintas e isso é passado para a criança, que faz parte dessa sociedade.
Na nossa sociedade mesmo, o DSM V, traz que o luto hoje é somente de três semanas, como explicar para uma criança que o seu sofrimento e o do adulto possuem tempo certo para terminar. Sabemos que algumas pessoas adultas claro, passam a valorizar o morto realizando uma manutenção dos vínculos, ao contrario da que  existia antes da morte, tentam manter os vínculos como se a pessoa não estivesse morta impedindo a elaboração da perda, não permitindo que o luto avance no seu processo, tornando uma patologia segundo o DSM V.
Então como esse adulto vai conseguir comunicar a uma criança de maneira que não lhe cause maior sofrimento do que ela já esta experimentando. Falar com a criança sobre a morte não é tarefa fácil. Para o adulto além da necessidade de proteger essa criança, falar sobre a morte implica defrontar-se com sua própria morte, seus medos e ansiedades, pois alguns não conseguem nem pensar quanto mais falar na finitude do corpo.
A criança de hoje por natureza demostra necessidade de compartilhar seus medos, angústias, fantasias e sentimentos, e é nesta hora, que o cuidador deverá estar preparado para transmitir e propiciar a esses pequenos seres conforto e segurança, mas se o adulto não consegue dar conta do assunto ou problema como vai transmitir esses sentimentos para a criança. Seria muito importante que o adulto pudesse atuar como facilitador no processo de luto da criança, que compartilhasse sua dor pela perda da pessoa querida e favorecesse a comunicação, buscando amenizar o sofrimento para ambos.
Quando essa comunicação é interrompida os sentimentos poderão segundo a literatura, se manifestar por meio de sintomas disfuncionais ou de comportamentos destrutivos, no que diz respeito principalmente a criança a falta de informação sobre o que realmente aconteceu contribui para que a mesma dê asas à imaginação, formando uma visão distorcida da morte de seu ente querido e alimentando medos e até mesmo culpa.
Os adultos costumam entrar em desespero diante das perguntas das crianças sobre a morte, mas se o adulto deixar a criança se expressar as próprias palavras da criança permitem que se estabeleça um diálogo e que se formulem questões junto a ela. Deixar a criança dar o tom e estabelecer o ritmo da conversa parece a maneira mais apropriada de se abordar o tema morte. No entanto o adulto não pode esquecer-se de respeitar o nível de desenvolvimento da criança, devendo utilizar uma linguagem acessível e fazer uso de elementos facilitadores, como, por exemplo, a literatura infantil, os desenhos animados e os filmes.
É importante reafirmar aqui que o adulto que comunica também está de luto e, portanto, sofre e necessita de apoio tanto quanto a criança. Em muitos momentos, não sabe como agir, não tem as respostas ou não encontra as palavras adequadas ou suficientes; nessas horas, um afago, um abraço apertado, a troca de carinhos pode fazer toda diferença.