Em
essência essas ideias de deuses são parecidas, Deus antropomórfico, com vontades,
interferindo no mundo. Para confirmar esse pensamento eu me lembro de Freud, e
se não me engano no texto, “O Futuro de uma ilusão”, ele apresentava Deus como
um pai que geralmente deixamos de ter quando saímos da infância, para buscarmos
consolo e conforto contra os males do mundo. Mas em minha opinião, penso que a
ideia do homem à imagem e semelhança de Deus foi mais por medo do que por
orgulho, não esquecendo que essa ideia deve ser pontuada como historicamente, e
não tomada como um dogma imutável. No
entanto concordar ou não é uma questão individual.
Eu
concordo no sentido em que Deus é questão apenas de fé, as afirmações quanto a
existência de Deus existir ou não existir, para mim não tem sentido, o que convém dizer é
se eu acredito em Deus ou não em Deus.
Mas se podemos chegar a Deus apenas através da fé como podemos afirmar que ele
tem a nossa semelhança? Não seria isso uma tolice? Seria melhor imaginar pela
mesma fé que conhecer os atributos físicos de Deus é impossível. Por ser uma
questão de fé, só podemos crer que Deus é energia pura, amor e esperança,
atributos que não tem forma, pois não podem ser esquematizados.
Seguindo
esse pensamento me remeto a Santo Agostinho, que segundo a sua história queria
conhecer Deus, porque pensava que por Deus era conhecido. Diante desta
realidade queria fazer a experiência de Deus, pois sentia que era amado. Isso o
levou a confessar a Deus suas misérias e a deparar-se com o que lhe desagradava.
Por isso queria renunciar a si mesmo para somente estar com Deus. Sabia também
que o que confessava a Deus por ele era conhecido. Porém, que finalidade tem
para os homens conhecerem as suas confissões e que benefícios isso pode
acarretar?
Agostinho começou a
perceber que somente no interior da alma encontraria Deus e que estaria diante
dele. Esse encontro, porém, se daria vencendo as forças exteriores, que é a
força da sua natureza. Assim Santo Agostinho se deparou com uma nova indagação,
quem eu amo, então, quando amo a meu Deus? Sentia-se interiormente pequeno
diante de Deus, pois, como ele mesmo dizia, está acima de sua alma. Sabia,
porém, que somente a alma poderia levá-lo à intimidade com o Altíssimo. Seus
sentidos deveriam convergir para o Senhor, experimentando assim uma comunhão
cada vez maior. Então Santo Agostinho entendeu que somente vencendo sua
natureza, ou seja, mortificando-se, poderia estar subindo os degraus até o seu
Criador. Cada envolvimento que Santo Agostinho teve com o Senhor ele foi se
conhecendo e descobrindo novas maneiras de estar cada vez mais próximo de Deus.
O filósofo Nietzsche em uma de suas frases
populares diz que: “os que foram vistos dançando
foram julgados insanos pelos que não conseguiam ouvir a música.” Eu afirmo que
os que conseguiram desenvolver a fé foram considerados insanos por aqueles que
não a desenvolveram.