domingo, 27 de dezembro de 2015

EXPERIMENTOS EM GESTALT TERAPIA

 Gestalt-Terapia é uma abordagem fenomenológico-existencial, ou seja, uma psicoterapia que busca trazer a consciência para o aqui-e-agora, na observação de como o fenômeno se apresenta, buscando o “como” e não o “por que”. O psicoterapeuta faz uso de alguns experimentos em que o cliente experiencia uma situação em que ele é sujeito e objeto de investigação. Faz-se necessário afirmar que esses experimentos não são simples técnicas, e quando aplicadas devem ser realizadas com critério, pois não deve ser em qualquer situação ou cliente.
Neste sentido o psicoterapeuta auxilia o cliente a sair da polarização, da racionalização que impede a excitação para a ação, possibilitando a abertura para o desenvolvimento do auto-suporte com espontaneidade. O cliente que passa pelo experimento começa a agir mais do que apenas ficar falando sobre as situações inacabadas, pois compreende uma situação inacabada com mais riqueza.
O trabalho no consultório se torna um ato de investigação, onde o cliente sem medo de criticas ou rejeição, de estar certo ou errado, pode se lançar no processo de aprender a reintegrar partes dissociadas, sensibilizar-se novamente, testar novos e criativos ajustamentos, ser responsivo ao seu aqui e agora, lidar com evitações, aprender experiencialmente sobre si mesmo e viver a terapia como a vida, num processo contínuo de conscientização. (D’acri, G. Lima, P. Orgler, S., 2007, p. 102).
Tais experimentos possuem o objetivo de aumentar as alternativas de comportamentos do cliente e da percepção sobre si mesmo; criar condições nas quais ele pode ver sua vida como sua criação pessoal (se responsabilizando por sua terapia), estimular e propiciar a aprendizagem a partir da sua própria criação, completar situações inacabadas e superar bloqueios dentro do ciclo de formação e destruição de gestalten, integrar as compreensões intelectuais com as expressões motoras; descobrir polaridades das quais não se tem consciência; e o fortalecimento do auto-suporte.
Desse modo faz-se necessário que se siga algumas etapas, como por exemplo, a identificação e preparação do “terreno”: conhecer as expectativas do cliente, criar um momento “seguro” para a possível experimentação.
Propiciar um consenso, uma negociação entre psicoterapeuta e cliente para que o cliente decida se tem disponibilidade para participar do experimento, deixando claro que ele não está sozinho neste processo, que o psicoterapeuta está a sua disposição, numa atitude de suporte e respeito.
O terapeuta gradua o experimento tendo como referencial as possibilidades de ação do cliente, a  gradação é a experiência vivenciada pelo cliente de acordo com as suas possibilidades, sendo que estas poderão ser ampliadas.
Awareness: é a consciência do cliente, junto com as observações que o psicoterapeuta formula, desenvolvem a ação para a construção de um experimento. (conscientização).
 O psicoterapeuta deve estar sempre presente e perceber onde a “energia” do cliente está disponível, por onde se pode começar o experimento.
 “Foco” do experimento sempre deve ser na forma, como o cliente se interrompe e se desenvolve.
“Tema” é a figura que se revela de um conteúdo onde terapeuta/cliente vão nomear e unificar, se entrelaçam uns com os outros e criam uma tela rica de experiências em uma situação existencial dada.
Construção de auto-suporte: tem com objetivo sair do self-suporte e desenvolver o auto-suporte.
A “escolha de um experimento” abrange várias possibilidades que partem da relação psicoterapeuta/cliente.
 Insight e Fechamento: São atualizações e ressignificações de gestalten inacabadas, ou seja uma retrospectiva de todo o trabalho realizado e o que foi aprendido e transformado na vida do cliente.
Para o autor Polster e Polster (2001), o papel do psicoterapeuta é o de mentor e companheiro do cliente, durante o processo vai o ajudando a manter em equilíbrio a segurança e os aspectos emergentes da experiência, dando sugestões, orientações e apoio.
Finalmente, o terapeuta e o cliente vão se auxiliando na criação de uma historia de vida que é escrita conforme esta mesma se desenrola.


REFERÊNCIAS
D’ACRI, G. LIMA, P. ORGLER, S. Dicionário de gestalt-terapia: “gestaltês”. São Paulo: Summus, 2007.
RODRIGUES, H. E. Introdução à Gestalt-terapia: Conversando sobre os fundamentos da abordagem gestáltica. 4ª Ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2007
POLSTER E. e POLSTER M. Gestalt-terapia integrada. São Paulo: Summus, 2001.
ZINKER, J. Processo criativo em gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 2007.


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