Na
música de Gilberto Gil, não tenho medo da morte, mas sim medo de morrer, qual
seria a diferença, você há de perguntar, é que a morte já é depois, que eu
deixar de respirar, morrer ainda é aqui, na vida, no sol, no ar, ainda pode
haver dor, ou vontade de mijar. Fiquei pensando, que interessante essa letra de
música, uma reflexão de certa forma cantada por alguém que sente medo de
morrer, mas como todos nós com poucas exceções sabemos que a morte é a única
certeza de nossas vidas é a perda daqueles que amamos é, sem dúvida, dependendo
do caso, a mais profunda fonte de dor.
No
entanto quero deixar bem claro mais uma vez, quando falo em perdas não me
refiro somente á morte, mas sim a diversas experiências de perda, como a
separação entre as pessoas vivas, a doença como parte da pessoa que morre, o
próprio desenvolvimento humano como formas de evolução e morte, a morte
psíquica, a morte psicológica, as amputações, a perda de uma casa, dentre
outras possibilidades.
As
perdas fazem parte do cotidiano, já que ocorrem em todos os momentos do
desenvolvimento humano e, embora sejam experiências do ser humano, são vividas
de forma particular por cada indivíduo. Portanto, o impacto da perda da saúde e
da extinção da vida, até mesmo o luto, é vivido por cada pessoa de modo
singular.
A
pessoa que passa pelo luto, também passa por fases como entorpecimento, saudade
e busca do objeto perdido, desorganização e desespero para finalmente uma maior ou menor reorganização. Contudo também
gosto de pensar que se a vida, for vivida de fato, se valorizarmos cada momento, e vivermos intensamente na
medida do possível, vamos seguir em direção a morte sem nos preocuparmos, nunca
vamos ter medo da morte. Se a pessoa viveu a sua vida, a morte chegará como que
naturalmente. Mas, se não vivemos, então é certo que a
morte vai causar medo. Se não vivemos, se não arriscamos por medo de viver, então
a morte certamente vai tirar de nós o tempo, e todas as oportunidades futuras
de viver.
No
passado, não vivemos e não haverá mais nenhum futuro, então vai surgir o medo.
Portanto o medo surge não por causa da morte, mas por causa da vida não vivida, por não termos administrados as
nossas perdas. E,
por causa do medo da morte ou das perdas, o final da vida como a velhice também
causa medo, pois esse é o primeiro passo para a morte.
Do
contrário, a velhice também é bela. Ela é o amadurecimento do nosso ser, é maturidade,
crescimento. Falo na velhice porque não tem como falar em perdas, lutos, medo
da morte ou medo da vida sem que a velhice não esteja presente, também como a
morte ela é uma certeza em nossas vidas.
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