domingo, 27 de dezembro de 2015

O Mundo Fenomenal em Gestalt.


Fenômenos são tudo aquilo que aparece, ou seja, a totalidade do que há na luz do dia ou que pode ser trazido á luz. Fenômeno é igual a aparência.
Nesse sentido, pode-se pensar que fenômeno é o seguinte: o-que-se-mostra-em-si-mesmo.
Assim entende-se por Fenomenologia uma concepção metodológica, que não caracteriza o porquê, mas o como dos objetos.
O objetivo da exploração fenomenológica da gestalt é a awareness. Um fenomenólogo estuda a awareness pessoal e também a awareness do próprio processo passado.
Nas experiências anteriores temos a auto regulação, que é organísmica confia nosso bem estar ao cuidado de um ser interno que se esforça inerentemente por ser saudável.
Temos uma hierarquia de necessidades, que continuamente se desenvolvem, e organizam as figuras de experiência e depois desaparecem.
No futuro, temos as expectativas, aceitação da realidade possível, que é a realidade que ela pode contatar. A auto regulação organísmica inclui três fenômenos: percepção, aceitação do que existe e consciência da necessidade dominante. Então o presente é a única realidade possível
Quanto a awareness, podemos dizer que é uma forma de atenção sobre a forma, uma reflexão da forma em si mesma. Possuímos  uma hierarquia de necessidades que continuamente se desenvolvem e organizam, ou seja,  não é estática, é um processo de orientação que se renove a cada instante.
Entrar em contato com o mundo é o reconhecimento do ambiente, é um processo de estar em vigilante contato com os eventos mais importantes do campo indivíduo- ambiente.
É experenciar o contato com a própria existência. Aceitação da realidade possível, realidade que ela pode contatar.
A awareness é eficaz apenas quando fundamentada e energizada pela necessidade atual dominante do organismo. Sem energia, entusiasmo e emocionalismo do organismo, sendo investido na figura emergente, a figura não tem significado, poder ou impacto.
Expandir-se é estar consciente do que se passa dentro e fora de si no momento presente, em nível mental, corporal e emocional.
Representa o autoconhecimento. A pessoa consciente sabe que tem alternativas e escolhe a melhor para o momento.
Aceita a realidade possível, realidade que ela pode contatar.



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O despertar para auto percepção, auto estima e transformação pessoal.

A compreensão que temos de nós mesmos, a nossa autoimagem, depende, em grande parte, da maneira como os outros reagem em relação a nós. Como resposta à reação demonstrada pelos outros, nós modificamos constantemente a nossa autoimagem.
Contudo, ao invés de responder às pessoas o que nós pensamos que somos, os outros frequentemente respondem à pessoa, o que eles pensam que somos – à percepção e imagem que eles têm de nós, à pessoa que eles conseguem ver. No entanto, esse pensamento não deveria ser real, pois partindo do principio de que a auto percepção é a consciência que o sujeito deveria ter de si mesmo, é o somatório de todas as impressões internas e externas do sujeito.
A pessoa que desenvolve a verdadeira percepção, compreende o conjunto de sensações, como sentimentos, emoções, pensamentos. Ela passa a identificar as realidades por trás das diversas impressões que temos desta realidade e nos permite libertar nossa consciência, permitindo o afloramento da lucidez advinda da consciência profunda. A auto percepção se dá quando conseguimos mergulhar dentro de nós e nos perceber como sujeito único.
Para conseguir uma comunicação plena com a intimidade e com os outros, é necessário a auto percepção e a compreensão de si mesmo.
A compreensão é, por sua vez, uma atitude tolerante e a leitura do conjunto de qualidades que integram uma ideia para que possamos separar o real do imaginário. Essa compreensão também diz respeito à disposição para entender as nossas atitudes e sentimentos, assim como as atitudes e os sentimentos do outro. 
          Em psicologia, autoestima inclui a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau. Muito se fala sobre autoestima, mas poucas pessoas entendem o seu verdadeiro significado. Cuidar de sua autoestima vai muito além de visitar o cabeleireiro ou comprar aquela roupa nova. Aliás, estas nem são condições necessárias para o cultivo da mesma. Conhecemos, em tese, a definição básica de autoestima: é a estima que se tem por si mesmo, ou seja, o quanto a pessoa se valoriza. O quanto se  quer bem e se aceita.
Por outro lado podemos dizer que a autoestima é um ato de amor e de confiança consigo mesmo, ou seja, o "amor próprio" e a "autoconfiança", então se faltar um destes ingredientes, não teremos uma autoestima verdadeira.
É certo que se ame a si mesmo, mas é fundamental que se tenha confiança em seus atos ou pensamentos, em seus projetos ou na sua capacidade de conquista, porque sem o amor próprio é impossível sentir momentos de felicidade.
Infelizmente, trazemos dificuldade em cultivar estes dois ingredientes da autoestima, o amor próprio e a autoconfiança, por eventos que se manifestaram desde a nossa criação. Quantas vezes, por medo do egoísmo, deixamos de lado nossa própria vontade, para fazer tudo o que o outro queria. Só que autoestima não tem nada a ver com o egoísmo. O egoísta é um ser vazio e solitário que precisa cada vez mais de coisas e pessoas que o preencham. Gente com boa autoestima, apenas reconhece que, como qualquer ser humano, tem o direito de valorizar e satisfazer suas vontades também.
Durante nossa socialização, aprendemos a cultivar uma "personalidade ideal" e, tivemos que engolir nossos sentimentos. Em nome de Deus, da moral ou da boa educação, o importante era "fazer a coisa certa", mesmo que aquilo estivesse contrariando nossa natureza.
Pensamos agora na ideia do "corpo ideal". O ideal é apenas um sonho, uma projeção. Com isto, vivenciamos um estado profundo de angústia, pois comparamos nosso corpo com "modelos" e percebemos o quão diferente somos daqueles seres perfeitos e maravilhosos que deveríamos ter sido.
Na nossa cultura, na mídia e até mesmo nossos familiares contribuíram fortemente para gerar este quadro: "Está na moda quem usa tal roupa"; "Sem estudo você não é nada"; "Você será aceito somente se fizer isto e não aquilo...". na maioria das vezes, isto aconteceu por ignorância, se essas pessoas tivessem acesso a determinadas informações, certamente as atitudes de nossos educadores seriam diferentes.
Quando a pessoa passa a se perceber e ter uma maior compreensão de si, o resgate da autoestima acontece, por que  ela decide que só precisa ser quem ela é. Você pode confrontar as opiniões, e não ficar preso a um único ponto de vista. Descobre que, se no passado era importante ouvir e respeitar as ordens dos adultos, hoje você pode ser dono (ou dona) de seu próprio destino. Passa a respeitar mais suas próprias ideias, porque, automaticamente, está se ouvindo mais. Não viemos ao mundo para corresponder às expectativas dos outros, por mais que se ame.
O maior desafio humano é lidar com suas emoções e na maioria das vezes é necessário agir de forma incisiva para que algo seja efetivado.
Quando essa atuação passa a ficar complicada, o indivíduo começa a pensar na necessidade de transformação pessoal, na necessidade em querer ser alguém melhor.
Não é necessário que o ser humano chegue ao fundo do poço não havendo mais saída, basta que ele deseje uma melhor maneira de viver, para que o desejo de transformação aconteça. Essa transformação também não tem período de duração ou tempo determinado para acontecer. Ela se dá a qualquer momento.
Desejar ser uma pessoa melhor para si e para o meio em que vive, é uma decisão que traz em parte grande responsabilidade, que a pessoa deve assumir com sua história de vida e com sua essência.
Na verdade é um compromisso real, fiel consigo mesmo em buscar das informações necessárias para sua evolução pessoal.
E a partir do instante em que se tem essa firme decisão que as portas se abrem e as ferramentas necessárias para seu desenvolvimento surgem á sua frente. A mente se abre! E conforme dizia o gênio Albert Einstein, a mente que se abre ao novo nunca mais volta ao seu tamanho original. E isso já garante boa parte nesta transformação.
Por isso a importância de se comprometer, assumir a própria história e encarar a vida de frente assumindo todos os riscos.
Tomando posse de si mesmo... Permitindo que seu melhor apareça... Passando a contagiar outras pessoas com sua mente saudável por onde passar!!!
"O ser humano vivência a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior."Albert Einstein

           Neste sentido a transformação pessoal pode ser desenvolvida passando a ser como uma característica permanente de personalidade, podendo, ser específica de uma dimensão particular, "Acredito que sou um bom escritor e estou muito orgulhoso disso" ou de extensão global, "Acredito que sou uma boa pessoa, e sinto-me orgulhoso quanto a mim no geral".
           O que uma pessoa com a consciência desperta sente em relação a si mesma está presente em todas as suas ações; gestos, posturas e atitudes, revelam as diversas facetas da autoestima.
          A pessoa estando consciente dessa transformação procurando se perceber melhor, desenvolverá uma autoimagem mais coerente com sua realidade evolutiva, do contrário a interpretação fantasiosa da realidade, baseada em crenças e emoções autos significantes, e não na análise racional dos fatos, leva à distorção da autoimagem.
“Mudar de mundo é mudar de olhar, transformarmo-nos é o melhor que podemos fazer para contribuirmos com a mudança do mundo.” Não há outro caminho para se viver que não passe por si mesmo, pela experiencia magnifica de Ser que se torna consciente e floresce na direção da própria plenitude. Essa busca do “DeSiPleno”, da disciplina da vida. (Magalhães, 112).
        

Buscando nova forma de pensar.

A vida é uma graça divina que não pode ser enquadrada em uma definição, ou resumida em uma lista de condições. As graças que recebemos todos os dias estão em nosso redor. E apesar das graças já estarem disponíveis, é preciso ter mérito para reconhecê-las. Esse mérito é o exercício de expansão de consciência de mundo que fazemos para ver e perceber as graças que já nos foram dadas. Quem não desenvolve méritos não consegue enxergar as graças que a vida oferece, e só enxerga a DES-GRAÇA.
Esse pensamento acima é de uma autora chamada Dulce Magalhães, ela diz que graça é estar vivo ter uma nova chance de se realizar todos os dias. Estamos em tempos de aprender que a vida é uma dádiva e também uma responsabilidade.  Assim ela diz que o exercício maior da vida não é o sucesso profissional, a realização financeira, constituir família feliz ou um patrimônio sólido. O maior exercício que podemos desenvolver é o da nossa consciência.
A autora sugere que abramos os olhos da percepção, porque tudo já esta dado e disponível, mas se não formos capazes de enxergar, como poderemos usufruir de tanta graça?
Podemos considerar que já demos um pequeno passo – nascemos. No entanto é preciso fazer o parto da consciência, dar a luz a uma nova forma de ver e viver, pois não há cegueira maior do que aquela que nos impomos pelo bloqueio da percepção.

“Há um tempo para tudo na vida, para nascer, crescer, escolher e para fazer”. A proposta agora diz respeito ao tempo de despertar, abrir os olhos e verdadeiramente, enxergar-se, perceber-se o que cabe a cada um realizar, refazer, abrir mão, conquistar. É tempo de ser, e só podemos Ser experimentando a vida e desenvolvendo a própria consciência. (Guimarãens, 107)

EXPERIMENTOS EM GESTALT TERAPIA

 Gestalt-Terapia é uma abordagem fenomenológico-existencial, ou seja, uma psicoterapia que busca trazer a consciência para o aqui-e-agora, na observação de como o fenômeno se apresenta, buscando o “como” e não o “por que”. O psicoterapeuta faz uso de alguns experimentos em que o cliente experiencia uma situação em que ele é sujeito e objeto de investigação. Faz-se necessário afirmar que esses experimentos não são simples técnicas, e quando aplicadas devem ser realizadas com critério, pois não deve ser em qualquer situação ou cliente.
Neste sentido o psicoterapeuta auxilia o cliente a sair da polarização, da racionalização que impede a excitação para a ação, possibilitando a abertura para o desenvolvimento do auto-suporte com espontaneidade. O cliente que passa pelo experimento começa a agir mais do que apenas ficar falando sobre as situações inacabadas, pois compreende uma situação inacabada com mais riqueza.
O trabalho no consultório se torna um ato de investigação, onde o cliente sem medo de criticas ou rejeição, de estar certo ou errado, pode se lançar no processo de aprender a reintegrar partes dissociadas, sensibilizar-se novamente, testar novos e criativos ajustamentos, ser responsivo ao seu aqui e agora, lidar com evitações, aprender experiencialmente sobre si mesmo e viver a terapia como a vida, num processo contínuo de conscientização. (D’acri, G. Lima, P. Orgler, S., 2007, p. 102).
Tais experimentos possuem o objetivo de aumentar as alternativas de comportamentos do cliente e da percepção sobre si mesmo; criar condições nas quais ele pode ver sua vida como sua criação pessoal (se responsabilizando por sua terapia), estimular e propiciar a aprendizagem a partir da sua própria criação, completar situações inacabadas e superar bloqueios dentro do ciclo de formação e destruição de gestalten, integrar as compreensões intelectuais com as expressões motoras; descobrir polaridades das quais não se tem consciência; e o fortalecimento do auto-suporte.
Desse modo faz-se necessário que se siga algumas etapas, como por exemplo, a identificação e preparação do “terreno”: conhecer as expectativas do cliente, criar um momento “seguro” para a possível experimentação.
Propiciar um consenso, uma negociação entre psicoterapeuta e cliente para que o cliente decida se tem disponibilidade para participar do experimento, deixando claro que ele não está sozinho neste processo, que o psicoterapeuta está a sua disposição, numa atitude de suporte e respeito.
O terapeuta gradua o experimento tendo como referencial as possibilidades de ação do cliente, a  gradação é a experiência vivenciada pelo cliente de acordo com as suas possibilidades, sendo que estas poderão ser ampliadas.
Awareness: é a consciência do cliente, junto com as observações que o psicoterapeuta formula, desenvolvem a ação para a construção de um experimento. (conscientização).
 O psicoterapeuta deve estar sempre presente e perceber onde a “energia” do cliente está disponível, por onde se pode começar o experimento.
 “Foco” do experimento sempre deve ser na forma, como o cliente se interrompe e se desenvolve.
“Tema” é a figura que se revela de um conteúdo onde terapeuta/cliente vão nomear e unificar, se entrelaçam uns com os outros e criam uma tela rica de experiências em uma situação existencial dada.
Construção de auto-suporte: tem com objetivo sair do self-suporte e desenvolver o auto-suporte.
A “escolha de um experimento” abrange várias possibilidades que partem da relação psicoterapeuta/cliente.
 Insight e Fechamento: São atualizações e ressignificações de gestalten inacabadas, ou seja uma retrospectiva de todo o trabalho realizado e o que foi aprendido e transformado na vida do cliente.
Para o autor Polster e Polster (2001), o papel do psicoterapeuta é o de mentor e companheiro do cliente, durante o processo vai o ajudando a manter em equilíbrio a segurança e os aspectos emergentes da experiência, dando sugestões, orientações e apoio.
Finalmente, o terapeuta e o cliente vão se auxiliando na criação de uma historia de vida que é escrita conforme esta mesma se desenrola.


REFERÊNCIAS
D’ACRI, G. LIMA, P. ORGLER, S. Dicionário de gestalt-terapia: “gestaltês”. São Paulo: Summus, 2007.
RODRIGUES, H. E. Introdução à Gestalt-terapia: Conversando sobre os fundamentos da abordagem gestáltica. 4ª Ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2007
POLSTER E. e POLSTER M. Gestalt-terapia integrada. São Paulo: Summus, 2001.
ZINKER, J. Processo criativo em gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 2007.